domingo, 17 de fevereiro de 2013

A segunda divisão do futebol mundial

Você tem bandeira, idioma, hino, identidade e cultura própria. Porém não tem o mesmo direito que seus vizinhos. Poucos te reconhecem. Atualmente, isso acontece em quase todos os continentes. São os povos separatistas. Algumas nações até tem moeda própria e uma certa organização. Algumas, até seleção de futebol tem. A Catalunha, por exemplo, que historicamente, luta pela separação da Espanha, tem seleção. Conta com os principais astros do Barcelona. Mas só pode disputar amistosos, geralmente contra adversários de pouquíssima expressão. Caso seja uma nação reconhecida pelos outros países, um dia, enfraqueceria a base da seleção espanhola, ou estes jogadores optariam por permanecer na atual campeã mundial? Questões difíceis, principalmente se tratando de um tema tão complicado nos dias de hoje, já que envolve um histórico de grandes guerras, como a do Kosovo, na década de 1990. Localizada na Sérvia, Kosovo se declarou independente em 2008 (a ONU não reconhece tal declaração) e tem uma certa organização no âmbito esportivo (já existe uma liga nacional). Atletas nascidos na região já ganham destaque no futebol europeu, como Shaqiri, revelação do Bayern de Munique, naturalizado suíço.

 
Xherdan Shaqiri (foto: Sky Sports)















Regiões separatistas do Cáucaso (com destaque para a Chechênia) também sonham um dia, ser independentes, e se filiar à FIFA. Perto dali, no Daguestão, é sediado o milonário Anzhi, mas os resquícios do eterno conflito ainda são mais lembrados pela população local.

E para auxiliar todas essas nações (algumas independentes, porém não filiadas à FIFA), existe a NF-Board, fundada em 2003, e com sede na Bélgica. A organização conta atualmente com 34 membros, como Mônaco, Saara Ocidental e Tibet. Já foram organizadas cinco edições da "VIVA World Cup", a Copa do mundo dos não-fifa (o Curdistão se sagrou campeão em 2012) e até uma edição para mulheres, em 2010, vencida pela Padânia.

Durante a partida entre Barcelona x Real Madrid, pelo primeiro turno do campeonato espanhol 2012/2013, em outubro, a torcida catalã mobilizou-se e levou bandeiras e faixas por uma Catalunha livre (dias antes, ocorrera uma marcha pró-independência).

Manifestação pró-Catalunha independente durante clássico Barcelona x Real Madrid (foto: Uol)


O futebol, agora mais que nunca, por conta de sua popularidade, é aliada de quem um dia, quer ser independente de fato. Nações da antiga Iugoslávia e da União Soviética tem destaque no cenário europeu. Isso com menos de 25 anos de filiação à FIFA. Quem sabe daqui a poucos anos veremos seleções da "segunda divisão" do futebol mundial no topo do mundo da bola?


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