domingo, 17 de novembro de 2013

O bom, o mau e o feio

2013 tem sido um ano intenso para o futebol brasileiro. Os olhos do mundo do futebol estão virados para cá: a Copa das Confederações, evento-teste da Copa do Mundo, aconteceu em junho (e a seleção voltou a ser respeitada com a conquista da competição); Neymar, o principal jogador do país, rumou para Barcelona, e conseguiu rápido destaque. Novas e belos estádios estão à disposição do torcedor (apesar dos gastos e ingressos abusivos). Além disso, o Brasil viu surgir o histórico movimento Bom Senso FC; acompanhou o baixo nível técnico do campeonato nacional e a contínua escalada de violência das torcidas organizadas. Abordo, a seguir, esses três assuntos.


O bom - Apesar de tardia, é louvável a atitude dos jogadores brasileiros com a criação do Bom Senso FC. O movimento, instituído há pouco menos de dois meses, prontamente recebeu assinaturas da maioria dos atletas que disputam as duas principais divisões do campeonato brasileiro. Segundo o manifesto lançado pelo grupo, as propostas centrais do projeto são: o calendário do futebol nacional; férias dos atletas; período adequado de pré-temporada, fair play financeiro e participação nos conselhos técnicos das entidades que regem o futebol. 
A CBF, no entanto, pelo visto, não está muito interessada em dialogar com o grupo. Por conta disso, na 34ª rodada do Brasileirão, foram feitos protestos antes do início das partidas. Para a próxima temporada, mesmo com a Copa do Mundo apertando o calendário, alguns sinais de avanço podem ser vistos, como por exemplo, a diminuição de datas nos estaduais e mais uma semana de pré-temporada.
Não se deve esquecer, contudo, da grande maioria dos jogadores de futebol no Brasil. Atletas que vão a campo apenas nos primeiros meses do ano. Esses, ao contrário dos integrantes do Bom Senso querem  é ter calendário durante o restante do ano. É bastante necessário o bom senso por parte de todos, para que o futebol nacional, possa realmente, um dia, ser chamado de grande.


O mau - A poucas rodadas do fim do Brasileirão, já conhecemos o campeão (na metade do campeonato, aliás, até era previsível o título do Cruzeiro). A briga pela Libertadores e contra o rebaixamento seguirá até a última rodada. Num torneio com jogadores como Fred, Luis Fabiano, Ronaldinho Gaúcho, Seedorf, etc., se esperava um bom nível técnico. Nem de longe, é o que acontece. A raposa, com sobras, foi campeã, com pouquíssimas ameaças. Durante a maior parte do Brasileirão, o mesmo time brigava tanto para chegar ao G4 quanto para não entrar no Z4. Disputa nivelada por baixo. Jogadores cansados, horários desestimulantes para o torcedor, torcidas (des)organizadas tumultuando o espetáculo, fizeram desta edição, uma das piores dos últimos anos. Craques consagrados, como alguns citados acima, não renderam o mesmo de outrora. O destaque bom fica para desconhecidos ou jogadores em quem ninguém levava fé, como o gordinho Walter ou o artilheiro do torneio, Éderson. Ambos de times recém-chegados da Série B, que no primeiro ano de volta à elite, superam equipes mais capacitadas financeiramente, mas que não empolgam.


O feio - É deplorável o comportamento de gente que vai a um estádio de futebol com o único objetivo de brigar. Seja com quem, contra quem ou porquê. E e todos os casos, não há um porquê. A maioria dos clubes foi punido por alguma babaquice realizada por um pequeno grupo de "torcedores". Vândalos estes, que na sua maioria, são acobertados por quem manda nos clubes. É evidente, porém, que dentro de uma torcida organizada, não são todos que se esforçam para prejudicar seu clube.
Na Copa do Mundo, não será o torcedor comum que sentará nas cadeiras das modernas arenas. O torcedor comum, muito provavelmente, continuará assistindo torneios de baixo apelo, e sofrerá com o mau senso de quem comanda o futebol e de quem vai ao estádio única e exclusivamente para "não torcer".

(Foto: Facebook Bom Senso F.C.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário